domingo, 27 de novembro de 2016

MEDO DE AMAR

Vinícius de Moraes

O céu está parado, não conta nenhum segredo
A estrada está parada, não leva a nenhum lugar
A areia do tempo escorre de entre meus dedos
Ai que medo de amar!
O sol põe em relevo todas as coisas que não pensam
Entre elas e eu, que imenso abismo secular…
As pessoas passam, não ouvem os gritos do meu silêncio
Ai que medo de amar!
Uma mulher me olha, em seu olhar há tanto enlevo
Tanta promessa de amor, tanto carinho para dar
Eu me ponho a soluçar por dentro, meu rosto está seco
Ai que medo de amar!
Dão-me uma rosa, aspiro fundo em seu recesso
E parto a cantar canções, sou um patético jogral
Mas viver me dói tanto! e eu hesito, estremeço…
Ai que medo de amar!
E assim me encontro: entro em crepúsculo, entardeço
Sou como a última sombra se estendendo sobre o mar
Ah, amor, meu tormento!… Como por ti padeço…
Ai que medo de amar!

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Você vai encontrar quem te entenda ou quem não se preocupe
Você vai encontrar quem te queira ou quem te use
Você vai encontrar quem te abrace ou quem teus braços apenas ocupe
Você vai encontrar quem te deseje ou quem de teu coração abuse

Você vai encontrar quem te ame ou quem te abandone
Você vai encontrar quem te apresente ou quem te esconda
Você vai encontrar quem te respeite ou quem te detone
Você vai encontrar quem te procura ou quem não te corresponda

Você vai ser amado ou usado
Você vai ser desejado ou evitado
Você vai ser reconhecido ou apagado
Você vai ser querido ou ter o coração quebrado

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Não espere rosas de uma linda pastagem verde
Nem duvide de uma roseira murcha

Há verdades escancaradas
E outras escondidas

Saiba interpretar os sinais
Saiba ouvir às intuições

O que for pra ser, será
O que não for, partirá.